30 de novembro de 2005

4º Encontra-a-Funda - mais dois (de tantos) bons momentos

Apreciem com os olhinhos o bolo oferecido pela Mad e pelo Nikonman à Confraria Beja Mossexo, que só quem lá esteve o degustou com os lábios, o céu da boca e o fundo da garganta (e houve quem repetisse):

fodografia OrCa

Na viagem de regresso, o Jorge Costa serviu de modelo à esposa (não a irmã) Lúcia para ela explicar o que é a «Brazilian Wax»:

fodografia Jacky

27 de novembro de 2005

4º Encontra-a-Funda


foto: mad
(a pessoa retratada pediu, e também por vontade dos pais, que o seu retrato fosse apagado. Assim, substitui-se a fotografia por um grafite. Mantém-se o anonimato de quem protestou por esta exposição pública. Sem comentários)

Para que serviram as correntes? Quem foi acorrentado? E o telemóvel vibrava?


foto: nikonman

E que momento terá sido este? Que se terá passado neste Encontro?
A revelaSão para breve. Com imagens e palavras..... fundas!

26 de novembro de 2005

Ode heróica e alcoforada, a caminho de Beja-me mucho...

no 4º Encontro d’A Funda
cá por Beja celebrado
se membro e membrana abunda
faz cá falta a Alcoforado

veio-se a Beja o francês
p’ra se curar de mazela
não viu a pobre a má rês
que lhe assomou à janela

nem por montanhas ou bosques
alguém consegue encontrá-lo
deu o Chamilly de frosques
deixou bosta do cavalo

e Mariana ficaste
triste e só e Alcoforado
deixa lá mulher levaste
que contar p’rò outro lado

nós por cá te celebramos
com libações a preceito
n’A Funda o 4º brindamos
odemos no 4º a eito

malta ao Barrote agarrada
que em Marisbeja se uniu
desemboca em tomatada
no 25 de Abril

nem dos fracos reze a História
pois mais interessa que seja
do 4º Encontro a memória
dos que afundaram em Beja!

23 de novembro de 2005

Carta secreta de Soror Mariana ao cavaleiro de Chamilly - II

Escreveu Soror Mariana na sua cela:

Ah meu amor…
O sino chama já para as Avé-marias
E eu no meu catre desfalecida descomposta
Não refeita de outras meditações
Outras preces, outras contas, outro terço
O teu…
Ah meu cavaleiro, minha cruz, meu tormento
Tua recordação dá-me alento
Para suportar estes calores nos quadris
E a saudade de tua espada desembainhada
Desperta a vontade de cavalgar a toda a sela
Desde as Vésperas até ás Avé-marias
Todos os santos dias.


Resposta do cavaleiro de Chamilly:

Ah minha freira tresloucada ensandecida
Pudera eu acalmar teus calores teus ardores
Estivera eu aí no teu catre, na tua cela
Espada desembainhada
Cavalgando teus quadris a toda a sela
Que mesmo que os sinos tocassem a rebate
Aí e em toda a parte
Rezar as Avé-marias
Tu meu amor… Não irias.

Foto: Rafal Bednarz

17 de novembro de 2005

Um sonho de mulher - por Charlie

Encontrava-me naquela fase limiar do sono, entre o sonho e o despertar, onde as sensações têm o peso para além da realidade. A respiração dele massajava suavemente o meu pescoço.
Experimentei o morder dele no meu ombro.
Primeiro gostoso e depois com mais força, arrepanhando-me a pele numa prega fina entre os incisivos.
Acre como uma agulha, pensei. E senti-me ligeiramente incomodada. Sem acordar em pleno reagi movendo-me. Mas ele aproximou-se mais de mim. O calor do seu corpo embalou-me e deixei-me afundar durante um instante mais nos braços de Morpheu.
As suas mãos começaram a explorar o meu corpo que era um joguete para ele e a minha consciência pendulava entre o limbo e o sonho. Estava deitada de lado e senti como ele pôs uma perna sobre mim, como as suas mãos tinham posto os bicos dos meus peitos entumescidos, como desciam e como agora explorava o meu umbigo deixando-me arrepiada. Contra o meu corpo sentia agora a pressão da expressão máxima da sua virilidade. Ele desceu mais e continuou. Eu por mim era apenas um frágil barco de papel navegando no infinito lago de desejo que era o dele. Quis dizer não mas não me saiu qualquer som.
Senti-me afundar indefesa e, quando me pensava ir afogar, descobri de repente que a superfície do lago era apenas o limiar do primeiro céu dos sete para onde ele me queria transportar. Voltei o meu corpo de mulher rendida e senti como ele deslizou para cima de mim e para dentro de mim.
Tocou nos meus lábios com os seus.
Não gostei da sensação. Estavam secos! Terrivelmente secos!
Acordei num sobressalto, num breve instante de consciência, mostrando a crueldade da realidade nua.
Ao meu lado não estava ninguém. Ele havia saído de casa havia já meses...
Deixei-me afundar novamente no sono. Senti ainda uma comichão no ombro.
- Um mosquito - pensei, enquanto coçava já quase entregue ao mundo dos Deuses.
Ainda antes de mergulhar dentro de mim, desci com a mão procurando-me e voltando a encontrar o príncipe dos sonhos como aquele com que, momentos antes, tinha interrompido o encontro...

Charlie

O Mano 69 adora dar conatinuidade:
"... com o meu querido bichinho de estimação, que eu fazia questão de sempre me acompanhar na solidão do leito. O massajador eléctrico ainda ronronava. Acariciei-o, senti-o duro e firme, disponível, sempre disponível para tudo. Num instante, um «flash-back» desenrolou-se à minha frente, recordando o dia em que o vislumbrei numa venda por catálogo que inopinadamente tinha aparecido na caixa do correio, o frémito do preenchimento em letra de imprensa e com caneta preta do pedido de encomenda, a colocação no marco do correio do pedido e o aguardar, por largos dias, da chegada do eleito. Até que, numa manhã de neblina cerrada e onde os alvores do Inverno já se faziam sentir, o funcionário da empresa Correio Expresso trouxe o embrulho anódino no seu invólucro normalizado. O «zezinho», petit-nom do meu massajador pessoal, tinha finalmente chegado à minha existência terrena!
No entanto, e de um momento para o outro, o estado de semi-sonolência em que me encontrava foi abruptamente interrompido pelo «zezinho», que passou de um agradável torpor para um imobilismo avassalador. Abanei-o, tentei encontrar nele uma réstia de vida, um recomeço. No entanto o meu amigo íntimo jazia como que... o singular do particípio passado de matar perpassou pela minha mente, enrolou-se na minha boca mas não consegui exprimir o adjectivo.
Levantei-me rapidamente e procurei o carregador automático que alimentava as pilhas recarregáveis dos meus sonhos carnais induzidos. A solução encontra-se perto e bom caminho. Procurei com um olhar inquisitivo o luzir de um led vermelho na penumbra do quarto, que se materializava num carregador eléctrico que continha mais duas recargas (do tipo
AAA Ni-MH 1.2 V) prontas a entrar no tubo oblongo, frio num primeiro instante, mas que mercê de uma prática reiterada rapidamente fazia tocar a rebate os sinos e soltar as torrentes de magma ardente. Uma sensação como que... uma lagosta, sem tirar nem pôr!
To be conatinued"

13 de novembro de 2005

World Erotic Art Museum - o mundo de Miss Naomi

Quando há alguns anos comecei a comprar algumas peças para a minha colecção no eBay, com frequência perdia as peças mais interessantes com licitações muito acima das minhas possibilidades feitas por uma compradora registada como missnaomi.
Logo ali imaginei - e invejei - o que seria a colecção desta senhora.
Entretanto, comprei alguns livros sobre arte erótica cuja autora já não me era estranha: Miss Naomi.
Recentemente, abriu em Miami (Florida) o World Museum of Erotic Art. Adivinhas quem é a proprietária? Naomi Wilzig, que descobri ser uma senhora de 70 anos que juntou, ao longo dos últimos 15 anos, cerca de 4000 objectos de todo o mundo - da Grécia antiga à moderna arte fetiche - e que agora são acervo do museu.
Uma curiosidade: quando ela foi a Paris pela primeira vez comprar arte erótica, como não sabia francês, foi um fracasso (este tipo de arte raramente está exposto). O método usado nas viagens seguintes a Paris já foi um sucesso, porque pôs uma cartão pendurado ao pescoço: «Je cherche de l'art érotique». De tal forma que adaptou o mesmo cartaz para as suas incursões pelos Estados Unidos e outros países anglófonos.

Naomi Wilzig com algumas das peças da sua colecção e
o cartaz que põe ao pescoço quando vai às compras

Não há ninguém por aí interessado em investir num espaço de divulgação da minha colecção de arte erótica? É que eu nunca serei viúva de um banqueiro, como a senhora Naomi Wilzig, que declarou recentemente: "a colecção manteve-me jovem e vibrante".

10 de novembro de 2005

4º Encontra-a-Funda - o cartaz

Beja-me mucho!
Crica para veres todos os detalhes actualizados do 4º Encontra-a-Funda
O Nikonman pediu-me um cartaz oficial e cavalheiro do 4º Encontra-a-Funda. Este é o que se fode arranjar. Não sei se o conceito «Beja-me mucho» é original mas veio-se-me bem.
Vê aqui o programa, quem está inscrito (somos 46) e as transferências que já foram recebidas.
Entretanto, aproveito para agradecer o apoio de:

Sociedade Agrícola do Monte Novo e Figueirinha



Café-Bar «O Barrote»

(não confundir com «o Rabote»)


Gisela Cañamero

Criadora de espectáculos, encenadora e dramaturga


Scapetur

Animação turística e eventos

Praça da República em Beja
o blog do Nikonman

Aliciante
o blog da Mad

Publicidade bem subtil ao «comprimido azul»

Quando disse que esta publicidade é subtil, o que eu imaginei era o pensamento de um homem que visse aquilo: "Tão feia! Só a consigo comer se tomar um Viagra!"
Sou mesmo tolita! O Tiko Woods (a falta que ele cá fazia...) fez-me ver a luz: "Claro que o sono é derivado do «azulinho». A boa velhota ficou completamente derreada após a actuação do velhote fortalecido! Já não lhe acontecia há mais de 50 anos!"
BINGO! Aliás, a Gotinha ainda viu mais outro detalhe importantíssimo que corrobora (seja lá o que for que isso queira dizer) essa leitura: "já repararam nos joelhos esfolados?"
O 1313 é mais drástico: "Cá para mim a velha morreu. Repararam que ela também não respira"? É um facto! Mas a Matahary conforta-nos: "A verdadeira pubicidade está aí! Morreu feliz!"
O Mano 69 ainda nos dá alguma réstea de Esperança (sim, sim, pode bem ser o nome da senhora): "A velha está é em cona profunda!"

O café - por Charlie

Entrou no café sem quase olhar para ela. Na mente passam-se coisas estranhas, as ideias correm em riachos juntando-se em cursos de ideias que se precipitam, ora em cascatas para grandes lagos, ora se diluem em gotas, absorvidos pelas margens escuras correndo subterrâneas para reaparecer noutros contextos em nascentes que nos deixam a sensação de experiências novas, mas de sabores anteriormente vividos.
Aproximou-se do balcão e mirou-a.
Desta vez os olhos pousaram no discreto decote que se prolongava em sonhos e formas correntes debaixo da roupa. Atravessando galerias escondidas na mente, espreitando aqui e ali à superfície e surgindo em fontanários de brilhos de lascívia e gostos que se descobrem na saliva e que saboreamos na nossa boca num beijo sonhado.
Deteve o olhar perdido e desfocado vendo através dela a nudez que lhe brotava num borbulhar de fontanários escorrendo-lhe por dentro.
Os olhos já não viam. Era todo o seu corpo que absorvia o reflexo da luz que o corpo dela emanava.
Acordou de repente.
- Um café, por favor.
Ela olhou para ele. Aproximou-se da máquina e os seus olhos ao abaixar-se detiveram-se-lhe por um instante na confluência das pernas das calças.
Colocou a pega no moinho e retirou a dose do veneno preto com que nos habituamos a drogar os neurónios. Pensava nele em poesia e afecto. Um abraço terno e umas palavras que fazem estremecer uma mulher por dentro. Fazendo correr o sangue a ferver pelas tubagens e válvulas do querer, e explodindo em vapores escaldantes no meio de braços, pernas e sensações tão sublimes como intensas...
Desligou o manípulo e algumas gotas mais caíram ainda em metáfora de êxtase para dentro da chávena.
- Está aqui o café. Quer açúcar ou prefere adoçante?
Ficou calado.
Pensando.
- Comia-te toda, mesmo sem açúcar. Entrava-te nessa boca em língua de fogo. Despia-te essa blusa. Levantava-te a saia, puxava-te as cuecas e enfiava-to todo, enquanto te mordia o pescoço e descia para as mamas... - Acordou do breve sonho e, focando a vista nos olhos dela, reparou como eram lindos. Como os lábios eram sensuais e brilhantes e como o peito subia ao ritmo da respiração.
- Pode ser açúcar.
Olharam-se mais uma vez.
Ela pensando numas palavras doces, num beijo terno, num abraço quente como o toque do café nos lábios e os ouvidos a mergulhar num poema dito em voz baixa, a fazer vibrar a alma.
Ele em como a violaria em qualquer cantinho que se proporcionasse...
Bebeu o café, pagou e foi-se embora.
Enquanto abalava ia murmurando para si.
- É o que todas querem. Pau! Bem aviadas e fodidas....
Ela ficou olhando para ele que se afastava. Abraçou-se e sentiu nas mãos, que tão bem conhecia, o calor de um poema que se diluía lentamente na luz do dia que entrava pela porta...

Charlie

A LolaViola revela-nos o final na perspectiva do lado de trás do balcão:
"Ao vê-lo afastar-se mais uma vez penso:
– Gostava de ser mágica para te deitar no café os sonhos com que povoas as minhas noites. Gostava que me visses por detrás dos aromas dos cafés das manhãs. Gostava que agora olhasses para trás e me sorrisses. Gostava que corresses para mim e me dissesses no fundo dos meus olhos «Quero-te toda, nua, minha...».
Ele não se virou para trás. Ela suspirou. Tinha bicas para tirar, o balcão para limpar. Guardou o sonho no bolso do avental. Tornou-se invisível e anónima como uma miragem".


O Charlie não se podia ficar sem se vir de novo:
"Ele à porta acendeu um cigarro. Olhou para o céu e para o dia claro, que se ia tornando frio, com uma luz difusa como as ideias que o povoavam.
Deu dois passos e tossiu.
- Qualquer dia - pensou - entro ali quando não estiver ninguém e atiro-me a ela. Abraço-a e digo-lhe ao ouvido o quanto penso nela todo o tempo. Como a desejo... Já pensei nisto várias vezes e calo-me, mas a próxima vez é que vai ser...
Sorriu e atravessou a rua. Ainda antes de chegar ao lado oposto olhou para trás.
Lá ao fundo estava ela. Bolso no avental, olhando para o mesmo vazio que cruzava com o seu olhar..."


O Mano 69 acha que faz falta um final feliz:
"Quando acabou de sorver o café notou que algo se passava no seu corpo, uma sensação de absorção mas ao contrário. Olhou lívido para ela, como que a pedir ajuda, sabendo no seu íntimo que só uma larada podia obviar as consequências que já se faziam sentir. Agora sabia como é que o magma ardente subia, subia sempre até à boca do vulcão para depois ser expelido com força, quase ejectado, descendo posteriormente a encosta a rebolar até perder a força cinética.
Acabou-se o tempo, acabaram-se as lucubrações infinitesimais. Quando se moveu sentiu que os pés se moviam mais rápido que o corpo e um odor, um cheiro nauseabundo vindo das suas entranhas, levou-o a cambalear de encontro ao balcão. Olhou para ela, lançando-lhe um SOS pestanejado. No entanto, do outro lado do balcão a resposta foi apresentada na forma de uma esfregona e um balde de água tépida".


A Encandescente propõe um final alternativo:
"Parou à porta, olhou-a através do fumo... Ela parada e ele pensando «querem todas o mesmo, como a Lisete» e ela pensando «ele não me diz nada» e ele vendo a Lisete, aquela cabra, e sabia que se penetrasse esta seria a Lisete que penetraria, a cabra que conhecera também num café e tinha os mesmos olhos doces mas que não eram doces, ele é que os via assim e uma noite depois do café fechar ele deu-lhe, ou queria dar-lhe, porque ela nem o deixou mexer-se com a pressa que tinha de sexo, a cabra, e agarrou-o por um braço e encostou-o ao balcão e a mão foi directa ao manípulo, o dele, não o da máquina de café, e ele duro e ela a despir as cuecas a dizer-lhe penetra-me e ele a baixar as calças à pressa e ela a dizer «penetra-me» e ele a já a tinha penetrado e ela «penetra-me» e ele já no orgasmo e ela impaciente a baixar-se e ele ali nu diante dela e ela a rir, a cabra, a rir dele e do sexo dele... «Um dia entro quando não estiver ninguém e violo esta gaja como fiz com a Lisete», pensou..."

6 de novembro de 2005

Publicidade



Vem este post a propósito da «beleza real» de que ultimamente se tem falado por aqui. (ver posts sobre Campanha por Beleza Real da Dove e a About-Face.)


Este Blog sobre publicidade é do Canadá. Podemos lá encontrar não só excelentes cartazes publicitários mas também algumas reflexões, ideias e opiniões do dono que é "art director / designer".


O cartaz aqui do lado foi retirado do Best Rejected Advertising que exibe alguns exemplos de publicidades rejeitadas e/ou proibidas em determinados países.


E fiquei deliciada com a subtileza do cartaz do WonderBra!!

Quem é amiga, quem é?!

A ilha - parte 2 - por Charlie

Tempos idos....

Sentado num tronco seco, todo branco que já conhecera anos de naufrágio e depois dera toda a cor ao Sol ao dar à costa, o velho riscava rabiscos na areia.
Riscava e tornava a riscar, passando com o pé por cima de tudo e voltando a riscar nos mesmo sítios com outros desenhos herméticos e abstractos.
Ria-se para eles e fechava os olhos falando baixinho. Recitava alto, voltava a abrir os olhos e voltava a riscar na areia.
- O que fazes? - Perguntou o rapaz recém-chegado que ficara a olhar para ele com curiosidade.
- Escrevo poemas. - Respondeu o ancião.
- Mas... poemas?! Com riscos que não são letras nem desenhos...
Fez-se uma pausa, e depois o velho continuou:
- Não sei ler. E cada traço destes é uma ideia, um mundo que eu construo no meu interior. Estás a ver este traço? É uma ilha. A minha ilha. O que eu daria para poder ir até à ilha, voltar a estar com ela…
- Mas isso é fácil, amigo – iInterveio o jovem – É só ir ali pela ponte.
O ancião nem olhou na direcção que o jovem apontava. Fez mais uns traços na areia e sem levantar os olhos disse:
- A ilha que tu vês já não existe. A ponte que lhe fizeram é uma lança que a despejou da vida que tinha quando eu a visitava. Tinha de ir a nado na maré baixa, de banco de areia em banco de areia, e lá moravam os espíritos que sangraram até à morte.
Agora o rapaz olhava extasiado para ele.
- Conte como era a ilha no seu tempo.
O ancião olhou para o jovem e disse-lhe com ar grave:
- Não te posso contar o sítio onde fui feliz por instantes. A felicidade é feita só de instantes breves que ficam a morar no nosso espírito eternamente. Só assim a lembrá-las somos felizes durante a vida e repetimos os momentos. Mas a ponte sangrou os meus instantes e esvaziou a eternidade dos tempos. Como queres que te conte, se estou vazio?
O jovem olhou para a ilha e para a ponte e sentou-se junto ao velho.
- Por isso faz poemas na areia...
- Sim – disse o Ancião – faço poemas com a eternidade do meu pé ao passar por cima deles. São apenas instantes sem eternidade, essa foi-me tirada, nada mais me lembra, nada mais me resta, senão ir em frente sem olhar para trás, navegando nestes poemas que se desfazem como os rastos que a minha alma faz na água onde procura a ilha, num futuro que já não existe...
E, dizendo isto, ajeitou o pé e apagou o jovem e o diálogo que tinha estado a riscar com ele na areia da praia.

Charlie
adaptado de um belíssimo anúncio da Wella

5 de novembro de 2005

Feitas as confirmações, agora é só pagar


Vê aqui os detalhes

Somos 42 inscritos para o 4º Encontra-a-Funda (e praticamente todos confirmados).
Confere no quadro o valor a pagar por cada pessoa e faz a transferência do valor correspondente para o meu NIB:
0033 0000 00042669719 05 (Millenium BCP)
Desta forma, o fim de semana será passado sem preocupações e perdas de tempo com pagamentos (que é sempre fodido e nada erótico). O quadro será constantemente actualizado, pelo que podes confirmar aí se a tua transferência foi recebida.
Ah! O Nikonman já fez um mapa de Beja com os pontos-chave do Encontro.
Alguém mais que ainda se queira vir?

4 de novembro de 2005

A ilha - por Charlie

Pisei, olhando para a distância, a orla de areia que o mar lacrimejava.
Senti os pés húmidos e escutei o borbulhar suave da breve espuma que escorria entre a multidão de seres minúsculos que habitam o universo infindo das partículas de areia.
Aqui e ali, podia adivinhá-los a esconderem-se rapidamente e para sempre em segurança até que viesse a próxima vaga.
A Lua estendia o seu eterno mar de prata com o que inundava as praias das almas que sabem pertencer-lhe.
Eu sei que há pessoas que são pertença dela!
Sinto-os meus iguais quando estão junto a mim.
Todo o meu corpo fica presa das ondas que emanam dos seus mares.
Não preciso que digam nada.
Que me olhem, ou que sorriam.
Basta existirem próximo de mim.
Sinto-lhes o bater do coração dentro do meu peito e faz-se me um nó na garganta.
Sim, porque eu sou um ser da Lua...
Achei uma ilha!
A minha ilha fica mesmo ali quando a sua mãe sai parida do mar, subindo aos poucos no céu.
Nunca repararam?
Hão-de ver nos dias em que, já próximo da Lua Cheia, surge do nada rente ao horizonte.
Se olharem com um pouco de atenção verão no colo da mãe, num suave embalo, o perfil das palmeiras e coqueiros, encimando um peito de mulher.
É a minha ilha!
Quis sempre visitá-la. Penetro no mar e nado para ela até ficar sem forças.
Deixo afogar-me.
Já estive quase a chegar lá e guardo na minha boca o sabor das águas que banham os seus lábios...
Acordo sempre com os pés a pisar a areia e dou com a Lua já alta.
É sempre ela que me salva e me põe de volta neste areal imenso. A perder de vista.
Este areal sem fim antes não existia.
Era uma extensão de rochas onde eu era uma fortaleza inabalável.
Depois....
Depois descobri a ilha rente à lua, às portas do horizonte, e chorei a distância em mares e oceanos.
Agora tudo secou e dos meus olhos só saem grãos de saudades de uma ilha onde nunca estive.
Sentei-me um pouco a pensar em tudo e chorei um castelo de areia.
Uma onda veio e puxou-a para dentro de si.
Para o mar das lágrimas para onde escorrem os castelos das saudades...

Charlie

3 de novembro de 2005

Pela nossa auto-estima!

Recordam-se da Campanha por Beleza Real da Dove? Escrevi aqui sobre essa ideia, que achei um mimo e que vale a pena recordar:
"Devido aos media e às influências da vida quotidiana, as raparigas de todo o mundo querem ser mais magras, mais altas, mais loiras, terem um peito mais definido. [É necessário] superar esses ideais limitativos ao colocar o mundo da beleza no devido contexto".
Hoje apresento-vos a About-Face, uma organização norte-americana com 10 anos de existência e cuja finalidade é "combater imagens negativas e distorcidas das mulheres nos meios de comunicação social".
Listam empresas e campanhas que consideram ofensivas mas também as que consideram meritórias. Entre as quais... a Dove.
Estamos de acordo!

2 de novembro de 2005

Rock'n'Roll machine.

Uma singela e modesta sugestão para animar o Sarau do 4º Encontra-A-Funda. Que tal contratar este one-man-show para nos tocar um bocadinho de Rock 'n' Roll? Ele sabe muito bem o que é Rock 'n' Roll. Era sucesso garantido.
Mas pronto, o que está pensado também serve. Para quem é...

Este é um post sem a minima carga sexual ou obscena. Uma simples mulher nua que fosse! Nada! Sinto-me envergonhadissimo!!!! Bom, para minimizar os estragos fica aqui, sei lá... isto, por exemplo, a que eu carinhosamente chamei "Mãos ao alto!"

1 de novembro de 2005

Já temos programa - Confirma a tua ida!


Vê aqui os detalhes
Até dia 4 confirma a tua ida e em que opções te inscreves (autocarro, jantar, alojamento e almoço).

Recomendo-vos este livro



Em cada corpo a corpo se procura
o espírito das águas onde a alma
por vezes paira sobre a face obscura
e só depois do fim encontra a calma

essa calma tristíssima de quem
volta a si de repente e sabe então
que enquanto um se esvai e outro se vem
ninguém é de ninguém ó solidão.

Suprema solidão que vem depois
de findo o corpo a corpo sobre a cama
quando nunca se é um e sempre dois

e só um cigarro triste ainda é chama
e um último pudor puxa os lençóis
e a cinza cobre o amor que já não ama.

Manuel Alegre, Sete Sonetos e Um Quarto (oito poemas eróticos com ilustrações de João Cutileiro) - D. Quixote (engraçada, esta associação de ideias: Manuel Alegre e D. Quixote)