31 de dezembro de 2005

A pi... peça mais recente da minha colecção

Nesta pequena estatueta em bronze proveniente da Alemanha, uma rapariga abraça um demónio. Quando se retira a cabeça do demónio, aparece uma outra cabecinha também levada do diabo.

24 de dezembro de 2005

Mais uma peça para a minha colecção

Esta é uma pequena estatueta em bronze, com um segredo delicioso, que veio da Áustria. Fechada, é um turco com um gato ao colo. Abrindo a capa articulada, vêem-se (e vêm-se em) malandrices.
E continuo sem encontrar quem queira investir num espaço de exposição para a minha colecção...

21 de dezembro de 2005

Publicidade - Laser


(via O Jumento)

15 de dezembro de 2005

Gueixa - por Anukis

Ele gostava de entrar em jogos de poder, sempre a dominar. Gostava de medir forças, mesmo nas relações pessoais. No sexo, também. Nada o excitava mais do que submeter uma mulher ao seu domínio. Queria-a principalmente se ela fizesse tudo o que ele dissesse, se se deixasse subjugar à lei do seu desejo.
Ela era uma mulher misteriosa. Talvez devido à sua capacidade camaleónica de mudança. Era capaz de ser quem quisesse, de se colocar na pele de uma personagem que acabara de criar. Era uma actriz de vidas.
Conheceram-se num bar. Trocaram um longo olhar que falava sobre domínio e submissão. O tempo parou e as conversas à volta deles atenuaram-se, concentrados que estavam naquele diálogo silencioso. Ele dirigiu-se à porta e ela seguiu-o. Entraram no carro e ele conduziu-a até um hotel próximo.
No quarto, estava outra mulher. Nada disseram. Com o olhar, mandou-as despir. Depois, tirou do bolso um rolo de fita preta e amarrou-as como se fossem apenas objectos do seu prazer, corpos sem alma. A que já lá estava ficou sentada a ver enquanto a outra, que tinha vindo com ele, recebia instruções para lhe fazer um fellatio. Ele tinha o pénis erecto de excitação. Ordenou-a que lhe acariciasse os testículos enquanto o ia lambendo e chupando levemente a ponta do sexo. E ela obedecia a tudo o que ele lhe pedisse. Não sentia medo nem estranheza. Entrou no jogo dele por completo...
No final da noite, já vestida, pronta para sair do quarto, ele deu-lhe um cartão com o seu número de telefone. Nunca tinha encontrado ninguém assim que se tivesse submetido completamente a ele sem qualquer resistência e queria repetir a experiência. Saíram todos do hotel. Ele regressou para casa com a sua mulher apagada. E ela? Ela deixou cair o cartão numa poça de água. Regressou a casa a pensar: «Interessante o papel de Gueixa. Amanhã, serei Lara Croft».

Anukis

10 de dezembro de 2005

9 de dezembro de 2005

Adoro publicidade (e leite...)


(tentativa da Gotinha)

8 de dezembro de 2005

As Causas Justas - OrCa

por ele
só passavam causas justas
era uma segunda pele
aquilo das causas justas

para onde se virasse
revirasse ou mordesse
lá estavam as causas justas

e tão justas eram elas
que tudo fazia nexo

colavam-se-lhe então à pele
e de tão justas que eram
a ele
até se lhe via o sexo.

OrCa


Este poema faz parte integrante do livro do Jorge Castro «Contra a Corrente», que recomendo. Instruções para encomenda aqui.

7 de dezembro de 2005

Despida - por Anukis

- Porque estás triste? Não te dei já o sumo de laranja que querias? - diz-lhe ele, um pouco impaciente.
Ela fitou-o, desconhecendo-o. Quem era aquele? Porque estava nua à frente daquele estranho? Tinha-se despido de si mesmo. Tinha ficado sem alma, tudo por amor, tudo por ele. E agora? Agora, nada restava.
Apaixonara-se por ele loucamente. Estava possuída. A voz dele exercia total poder sobre ela. Ele dava o comando e nem era preciso fazer «enter»: ela já lhe obedecera.
Ele gostava dela assim. Com ela, foi apurando os jogos de sedução. Já não se contentava com o sexo tradicional. Ele era um eterno insatisfeito. Alugava filmes XXX e reproduzia depois com ela as cenas que o excitavam. No princípio, tinha sido fácil. Nunca lhe dizia que não. Mas agora, estava a resistir à sua última ideia, à última prova. Já não lhe bastava a escravidão, queria transformá-la num simples objecto, descaracterizado, desalmado...
Cheia de reservas mentais, acedeu finalmente. Dirigiram-se a um bar parecido com tantos outros bares, se não fosse a sala secreta. Entraram. Não era a noite do swing, mas sim uma homenagem a Baco. A luz era ténue e só se viam corpos em movimentos rítmicos desenfreados, ao som dos batuques próprios dum bacanal. Batida alienante. Ela despiu-se de si mesma. Saiu do seu corpo e ficou do lado de fora. Estava anestesiada. Não sentiu nada quando o seu corpo foi agarrado por mãos estranhas, lambido por línguas desconhecidas, penetrado por sexos e coisas. Ficou a ver insensível. Objecto com olhos fora de órbita.
Levou-a a casa. Despiu-a mesma na entrada. Possuiu-a contra a parede. Êxtase total. Superara a última prova. No fim, foi à cozinha. Perguntou-lhe se queria beber algo. Ela ouviu-se responder um sumo de laranja, laranja, anja, anjo... Estava longe, muito longe, desde que entrara naquela sala.
Quem era aquele? Porque estava nua à frente daquele estranho? Tinha-se despido de si mesmo. Tinha ficado sem alma, tudo por amor, tudo por ele. E agora? Agora, nada restava. Queria apenas esquecer. Nunca mais voltar a vê-lo...

Anukis

6 de dezembro de 2005

O José Vilhena é um mestre!


Capa da revista «Gaiola Aberta nº 29 (2ª série) de Novembro de 2005

Só tenho pena de ele nunca ter respondido às minhas mensagens para comprar desenhos originais dele para a minha colecção...

3 de dezembro de 2005

Volta ao 4º Encontra-a-Funda pelos blogs

Para quem precisa de visita guiada:
O OrCa anteviu o Encontro como quem odia.
O Nikonman escreveu em estilo saramaguento, em duas partes: um e dois.
A Mad concordou que foi tão bom...
A Jacky escreveu sobre as Cu-riosidades do Encontro da Funda.
A Gotinha ficou com a língua congelada.
Aqui, o OrCa odeu a caminho da alcoforada. Depois, falámos uma, duas, três, quatro vezes...
O SirHaiva ficou logo com Sãodades mas continua a sua cruzada pelas mulheres (cruzada porque tenta cruzar-se com elas): "À parte das dúvidas existenciais que nos incomodam no dia-a-dia sempre teremos fotografias de gajas nuas. Nada melhor para nos lembrar como é bom usufruir dessa dádiva que é estar vivo. Tudo o resto resolve-se". A vida continua...
Tivemos direito a uma leitura cabalística.
O Jorge Costa pensa no futuro (enquanto consome os sacos de plástico que ganhou em Beja).
Ah! Já me esquecia: lê a minha primeira entrevista, feita pelo Nikonman.

2 de dezembro de 2005

Os arrepios em Beja das leituras de Gisela Cañamero

Que bela leitura da 3ª carta da Soror Mariana de Alcoforado nos ofereceu a Gisela Cañamero em frente à janela do convento, actual Museu de Beja (obrigada, José Carlos Oliveira, curador do museu). E que arrepio sentimos com as «Novas Cartas Portuguesas», das 3 Marias...

fodografia do OrCa
Sugiro que leiam os nossos comentários de agradecimento no blog da Gisela Cañamero «Cigarra na paisagem».
E que pena eu tive de não ter podido levar comigo o portfolio de Milo Manara «Les Lettres Portugaises», que faz parte da minha colecção...

1 de dezembro de 2005

O Que Eu Sei Do Teu Corpo É Quase Nada - OrCa

«Aproximas a mão
Os dedos desatam a arder
Inesperadamente...»
Eugénio de Andrade

o que eu sei do teu corpo é quase nada
sei mais do fogo e da água
sei da terra
sei do ar e sei do mar
sei tanta coisa
e não sei do teu corpo quase nada

sei que me tiras, de seguida, o que me deste
de ti bebido o absinto do desejo
e nem retenho o fugaz gosto de um beijo
e só sei que aqui estás porque te sinto
por te amar tanto assim feito de urgência
rodeado que ainda estou desse teu fogo
logo de mim se apodera a tua ausência

é tão pouco o que me dás
e no entanto
eu sinto
e sei
e vejo que é tanto
porque és água e porque és mar em que me deito
e porque és a terra e o ar com que respiro

se és um fogo que me afoga por defeito
na urgência de um amor tão com sentido
eu sei bem que não és minha
minha amada
pois só sei desse teu corpo quase nada.

OrCa

Este poema faz parte integrante do livro do Jorge Castro «Contra a Corrente», que recomendo. Instruções para encomenda aqui.